PARA MONTAGEM DO TEXTO DE ALCIONE ARAÚJO, SOB A DIREÇÃO DE SANDRO DI LIMA

De 07 a 09 de novembro de 2016 (2ª a 4ª) o ESPAÇO Sonhus (Colégio Lyceu de Goiânia) recebe a estreia de uma comédia que tem feito sucesso desde a década de 80. Doce Deleite apresenta os bastidores do Teatro com humor e leveza. Um espetáculo feito de esquetes que são o mais puro deboche.

Com o apoio institucional da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, um novo e divertido espetáculo entra em cartaz em Goiânia. Doce Deleite, de Alcione Araújo, recebe a chancela da Cia Cênica Nossa Senhora dos Conflitos, e reúne novamente o trio de atores Fabíola Villela, Mauri de Castro e Sanântana Vicencio, sob a batuta do diretor Sandro di Lima. A produção é da Balaio Produções Culturais. E a peça conta com o apoio do Sonhus Teatro Ritual e do Acervo Brevintage.

Teatro de Revista
De acordo com Sandro di Lima, o espetáculo Doce Deleite aborda a história do teatro, suas contradições, mas sobretudo ele é uma sátira sobre o que acontece atrás das cortinas, o universo dos bastidores, ao mesmo tempo que faz algumas picardias políticas, como era antigamente o Teatro de Revista. Constituído de quadros independentes, autônomos, que vão se alternando, a peça revela relações cômicas entre as personagens, mas evita os clichês machistas, homofóbicos ou racistas.

Sandro complementa dizendo: “As pessoas têm noção de comédia ainda muito vinculada à televisão, ou ao cinema, e ainda muito refém de certos clichês. A gente gostaria que o público percebesse que é possível fazer comédia sem cair na tentação do desrespeito às diferenças. O que faremos é uma comédia que não passa por esse caminho. Queremos que o público se divirta com situações do cotidiano e da vida do teatro a partir desse olhar”.

A montagem adotará como referência cênica o Teatro de Revista no Brasil, explorando seu tom popular e musicado, fortalecendo as paródias propostas no texto, com breves inserções de contextos e personagens públicos regionais. O teatro de revista tornou-se um gênero popular no Brasil a partir do final do século XIX, e pode ser caracterizado como um veículo de difusão de modos e costumes, como um retrato sociológico, ou como um estimulador de riso e alegria através de falas irônicas e de duplo sentido. A música é parte muito relevante desse tipo de trabalho, e a trilha sonora dessa montagem é composta a partir da tradicional jazz-band. A ela serão incorporados efeitos e vinhetas de rádio, televisão e cinema que tanto foram aliados dessa estética cênica e que estão em realce no texto de Alcione Araújo. Cenário e figurino completam essa exposição superdimensionada, necessária para incorporar o escracho até mesmo visualmente.

A comédia é a prova dos nove
Segundo o diretor Sandro di Lima, um Teatro de Revista não é um tipo de espetáculo que exija uma fruição mais sofisticada, mas é sim para todos os públicos, inclusive o mais exigente. Ele é para toda situação, e pode estar em vários espaços, não necessariamente só no palco italiano. Ele tem a flexibilidade necessária para atingir públicos plurais

Sandro ainda reflete: “Essa obra, que agora vai fazer parte de nossa trajetória, é de um autor (Alcione Araújo) que busca fazer uma reflexão debochada sobre o que é o teatro. Sob o ponto de vista do estilo, a comédia tem acrescentado muito na história da humanidade, em todos os momentos, fazendo uma leitura das relações sociais, dos momentos políticos, com bastante aprofundamento. O Teatro de Revista, no Brasil, tem um histórico extraordinário, e o que a gente pretende é fazer justiça a essa trajetória. Nós acabamos de sair de uma comédia mais rebuscada, que foi ‘A Lição’, de Eugène Ionesco, e agora é hora de compartilhar com público goiano uma comédia que as pessoas tenham tesão, vontade de ir ao teatro. E como dizia Oswald de Andrade: ‘o humor é a prova dos nove’.”

O Diretor
Sandro se considera um militante do mundo da cultura e da educação. Professor de teatro do Instituto Federal de Goiás desde quando era Escola Técnica, tem uma trajetória de mais de 30 anos. Foi um dos precursores da profissionalização do teatro em Goiânia, começando com o Grupo Canopus em 1979, e trabalhando com toda uma geração de atores. Foi diretor de inúmeros espetáculos, entre eles, 3X3 da Cia de Teatro Nu Escuro, A Visita da Velha Senhora, de Friedrich Dürrenmatt, e Seu Palácio Conta Histórias (Montado para o Palácio Conde dos Arcos, na cidade de Goiás). Entre 2000 e 2004 esteve à frente da de cultura de Goiânia e geriu a primeira edição do Goiânia em Cena. Também foi assessor especial da ANCINE. Hoje é Pró-Reitor de Extensão do IFG e recentemente dirigiu “A Mais Forte”, do sueco August Strindberg, com a Cia Dramática de Teatro Mulheres Em Cenas Fortes, e “A Lição” de Eugène Ionesco.